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Os deturpadores "espíritas" e os apelos emotivos

Os deturpadores do Espiritismo são figuras deploráveis, por promover a desonestidade doutrinária e dissimular tudo isso com o maior número de apelos emotivos para forçar a unanimidade e a imunidade aos "médiuns", que se comprovam charlatães não só pela falsa mediunidade e pelo religiosismo conservador, mas pelos aparatos amorosos que forjam para levar vantagem, através de um aparato extremamente dócil.

Se Francisco Cândido Xavier se valia de apelos emocionais que o associavam a paisagens floridas, céu azul e crianças sorridentes, Divaldo Franco faz isso com uma certa diferença: ele fala como um padre católico, traz depoimentos como um guru da auto-ajuda e usa de todo um discurso melífluo para forçar a unanimidade a ele, por causa de seu aparato de mansuetude e de suposta humildade.

Pseudo-intelectual, igrejista conservador, o "médium" Divaldo Franco traz uma estranheza que muitos não conseguem notar. Numa sociedade complexa como a nossa, é bom demais para ser verdade que alguém se sobressaia com um discurso extremamente dócil, com respostas prontas para tudo e com ideias que sugerem suposta perfeição conceitual e correção de atitudes.

Não. Divaldo Franco é um dos mais espertos e traiçoeiros deturpadores do Espiritismo. É mais esperto que Chico Xavier. Mal comparando, se Chico Xavier está para Aécio Neves, Divaldo mais parece Geraldo Alckmin, pois Chico era "mais moleque" no seu arrivismo, e Divaldo, mais articulado.

Constatar isso não é intolerância religiosa, mas uma desconfiança natural. Afinal, é um discurso bem doce, uma demagogia em palavras tão supostamente suaves, que muitos se sentem levados por essa corrente de palavras que não percebe que se perderá na cachoeira dos sentidos, depois da mansuetude verborrágica de Divaldo.

Divaldo consegue enganar as pessoas. Enquanto faz turismo para fazer palestras para ricos, obter visibilidade e fama e acumular prêmios dos mais pomposos por nada, Divaldo, esperto, dá essa tirada como se viu numa entrevista dada ao jornal Zero Hora - sempre a mídia conservadora, que usa os "médiuns" como símbolo de um suposto ativismo social que a direita apoia porque não mexe com os privilégios dos ricos - , de 06 de novembro de 2017:

O senhor é conhecido por dedicar a vida a crianças em situação de vulnerabilidade social. Qual é o maior prejuízo para uma criança furtada de condições dignas de alimentação, educação, higiene, afeto e cuidado?

Surgem as patologias sociológicas do abandono. A sociedade passa a ser detestada. E a criança que não recebeu vai cobrar. Torna-se um vândalo e invariavelmente, sai marginalizado e vai para os departamentos do crime e da droga. Nesses momentos, ele se torna um indivíduo pernicioso à comunidade. Somos responsáveis pela violência. O que negamos aos necessitados, eles vêm tomar pela força. É a lei do universo. Faltando a cooperação, surge a violência. 

Como resgatá-los?

Dando-lhes oportunidade. Amando-os. Fazendo com que despertem para a vida. Com esse sentimento, eles se tornam elementos úteis da sociedade e passam a ser membros de um novo corpo - o corpo da era nova. 

O senhor adotou muitas crianças. É um pai para muitos...

Compreendi que não bastava dar comida, roupa e escola. Era necessário dar segurança e carinho. Todos nós somos carentes. Aquele que foi rejeitado ou que padeceu em função da orfandade tem sede de amor muito grande. E como eu tinha sede de amor também, procurei dar-me. Dar qualquer um faz, mas para dar-se é necessário renunciar ao ego para tornar feliz o outro. 

Tudo isso é um discurso melífluo, sem resultados práticos. Aparentemente, tudo está bem na Mansão do Caminho, instituição de responsabilidade de Divaldo Franco. Só que isso não trouxe transformações profundas à sociedade e, fora dali, o bairro de Pau da Lima é deixado às moscas, pois, se considerar a grandeza com que se associa à imagem de Divaldo Franco, ele poderia ter levado o bairro a padrões escandinavos de vida.

PESSOAS TRAIÇOEIRAS PODEM SE PROMOVER COM DISCURSO "SUBLIME"

Muitos se esquecem que as pessoas traiçoeiras podem também se valer de um discurso sublime, para nele inserir ideias igrejeiras, místicas, mesquinhas. O deturpador pode dar uma entrevista inteira parecendo coerente, falando em "paz", "fraternidade", dizendo que a essência da humanidade é "o amor", usando e abusando de ares de mansuetude, humildade, serenidade. O próprio Kardec advertiu que os deturpadores investiriam em palavras "sublimes" para dominar as pessoas.

Quantos cursos de neurolinguística não podem ter passado os deturpadores para que eles se tornem perfeitos na elaboração de discursos melífluos, na escolha de palavras convincentes, na invenção de meias-verdades que parecem verdades indiscutíveis, na alegação de fazer muito o que pouco faz etc.

Afinal, Divaldo Franco afirma se dedicar inteiramente às crianças da Mansão do Caminho. Mas ele excursiona o tempo todo, se distancia delas, se afasta de seu lugar de origem, deixa Pau da Lima sob a treva da violência, enquanto o "médium" aparece ao lado de autoridades, colunistas sociais, empresários, aristocratas e sacerdotes católicos e evangélicos emergentes.

Mas, diante das cobranças, os "espíritas" negam a divindade que, em outras situações, atribuem aos "médiuns". Sempre as situações adversas, das quais os "médiuns" sempre ficam isentos de responsabilidade.

O próprio Divaldo Franco ficou invisível no escândalo da "farinata" de João Dória Jr., o "médium" ofereceu seu nome e a marca do Você e a Paz para o lançamento do terrível alimento e a culpa foi transferida para o arcebispo de São Paulo, o católico Dom Odilo Scherer, que foi em parte culpado pelo alimento, mas tanto quanto Divaldo.

EXCESSO DE "AÇÚCAR"

Será que ninguém estranha o excesso de açúcar nos depoimentos de Divaldo Franco? Será que todos se esquecem que, no mundo desenvolvido, muitos charlatães que usavam o mesmo discurso das palavras de mel foram derrubados e jogados ao ostracismo?

Aqui as pessoas se deixam levar pelo "bombardeio de amor", que é o truque traiçoeiro de carregar demais nos apelos emotivos: paisagens floridas ou celestiais, crianças sorridentes, mensagens aparentemente amorosas, apelos à "paz" e à "solidariedade", tom de extrema mansuetude, apelos emotivos demais numa sociedade que não tem essa natureza demasiado melíflua.

Os verdadeiros sábios e os autênticos humanistas não agem como Divaldo. Isso é fato. Os sábios e humanistas de verdade não têm, necessariamente, um tom de fala meigo ou uma pretensão de ter respostas prontas para tudo. O historiador Eric Hobsbawm, por exemplo, sempre admitia que, em seus livros, "tentava explicar" um assunto, assumindo que terceiros lhe colaboravam com ideias e sugestões.

Isso é miuito diferente de Divaldo ter respostas prontas para tudo. O verdadeiro sábio não é aquele que domina todas as questões, mas antes desenvolve conhecimentos e promove debates. Sábio de verdade vem mais com perguntas do que respostas. Não tem discurso melífluo e, não raro, não teme o conflito, em vez de investir num discurso supostamente pacifista que mais parece "paz sem voz", uma paz que se cala diante da guerra dos outros e é por esta derrotada.

Há muitas questões que desqualificam o modo de expor ideias de Divaldo Franco. Não é coerente que o excesso de mel de suas palavras seja, em si, expressão de coerência e equilíbrio de ideias. Pelo contrário, o desfile de palavras bonitas, como de top models gramaticais, não garante a superioridade moral nem intelectual, sendo apenas apelos igrejistas que, dependendo da situação, podem se tornar bastante ocos. Daí a "paz sem voz", a "paz" dos sofredores em silêncio e dos perversos em sossegada impunidade.

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